sexta-feira, 30 de novembro de 2012

História da Igreja: “Acção e influência dos monges de S. Bernardo no Nordeste-Transmontano (SS. XII-XVI), partindo de Santa Maria de Moreruela, em Leão.” De António Maria Mourinho

Este artigo foi escrito no âmbito das comemorações do nonicentenário do nascimento de S. Bernardo, monge cisterciense, grande propagador da Ordem e defensor da Igreja. Após o Tratado de Zamora, em 1143, celebrado entre Afonso VII, Imperador de Leão e Castela e seu primo Afonso Henriques chegam a Castela Pedro e Sancho, dois monges cistercienses franceses, enviados por S. Bernardo a pedido de Afonso VII. Por toda a Europa, a instalação de monges cistercienses era vista como uma cruzada ocidental com carácter colonizador (havia a necessidade urgente e simultânea de ocupar, desbravar, arrotear e repovoar cristãmente grandes zonas férteis de territórios pouco ou nada povoados) e Afonso VII doa terrenos e concede privilégios, a estes monges, em territórios de Zamora para nele construam um mosteiro e vivam em comunidade com o resto dos seus companheiros. Surge o Mosteiro de Santa Maria de Moreruela, localizado num vale, na margem esquerda do Elba a 30 Km noroeste de Zamora, que vai albergar uma grande comunidade monacal que irá influenciar económica e culturalmente uma grande extensão de territórios, nomeadamente terras de Zamora, Leão, Valladolid, Salamanca e a partir de 1211 o Nordeste Português (terras de Miranda, Macedo de Cavaleiros, Bragança e Mirandela). Após esta data e durante três séculos o Mosteiro adquiriu e recebeu doações de propriedades em mais de 23 povoações e quintas portuguesas, tendo três povos em posse absoluta (Ifanes, Angueira e Caçarelhos). Durante este tempo de convivência, com os monges cistercienses, as populações destas terras foram sendo influenciadas pelo seu modo e filosofia de vida. O autor, do artigo, enumera essas influências ainda visíveis nos dias de hoje:
1.ª A monumentalidade granítica, simples e despida das igrejas e capelas paroquiais; 
2.ª Os portais principais das mesmas igrejas, de arcos apontados ou de meio ponto e com arquivoltas lisas; 3.ª A promoção da exploração do ferro pele Mosteiro e a sua manipulação na forja; 
4.ª A fabricação intensiva e extensiva das lãs regionais, transformadas em mantas e buréis para vestuário e uso doméstico (Capa de Honras);
5.ª A Língua Mirandesa, tradição viva de Moreruela;
6.ª As imagens dos grandes Cristos crucificados, em tamanho natural, de corpos extremamente sofredores e torcidos, ainda conservados em algumas igrejas mirandesas; 
7.ª Os grandes soutos de castanheiros centenários que se vislumbras no montes desta região; 
8.ª A profunda religiosidade cristã, sobretudo na expressão do culto mariano, da intensa devoção à Santa Cruz e às Paixão de Cristo e das Amas do Purgatório e todo o culto dos mortos. 

Exposição apresentada por Ivone Brás, no âmbito da disciplina de História da Igreja, no IDEP

sábado, 24 de novembro de 2012

História da Igreja - Igreja de São Salvador de Ansiães

Ainda dentro do mesmo tema, fica uma parte do documentário "A alma e a gente", do grande historiador José Hermano Saraiva, sobre a Igreja de São Salvador de Ansiães:
A Alma E A Gente - Carrazeda De Ansiães (parte 1) por Videos_Portugal

História da Igreja - trabalho sobre a Igreja de São Salvador de Ansiães

O nosso colega de Estudos Pastorais - José António Fonseca - fez um trabalho sobre a Igreja de São Salvador de Ansiães, no âmbito da disciplina de História da Igreja. O tema foi proposto pelo professor Pe. José Luís Amaro e apresentado durante a aula numa relação com a Idade Média e a história da Igreja nessa altura Esta igreja é considerada uma jóia da arquitectura românica em Portugal, graças a elementos de grande valor e originalidade. É o caso da iconografia de Cristo em Majestade no portal principal, que constitui o mais complexo exemplar deste estilo no nosso país. Nela destacam-se ainda as representações dos apóstolos, bem como outras duas enigmáticas figuras que poderão tratar-se de Judas (carregando ao colo o demónio) e, do outro lado, um ancião (talvez Moisés) com as Tábuas da Lei. Mais pormenores no trabalho do nosso colega:

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

História da Igreja - trabalho

O prazo de entrega do trabalho de História da Igreja, fundamentado no resumo de um capítulo do livro "Igreja no Tempo, breve história da Igreja", de D. Manuel Clemente, acaba amanhã. Fiz um vídeo relativo aos primeiros três séculos mas como excede o tamanho permitido para o envio de e-mails, vou colocá-lo aqui online:

Os professores

Achei por muito tempo que ia ser professor. Tinha pensado em livros a vida inteira, era-me imperiosa a dedicação a aprender e não guardava dúvidas acerca da importância de ensinar. Lembrava-me de alguns professores como se fossem família ou amores proibidos. Tive uma professora tão bonita e simpática que me serviu de padrão de felicidade absoluta ao menos entre os meus treze e os quinze anos de idade. A escola,como mundo completo, podia ser esse lugar perfeito ... Ver maisde liberdade intelectual, de liberdade superior, onde cada indivíduo se vota a encontrar o seu mais genuíno, honesto, caminho. Os professores são quem ainda pode, por delicado e precioso ofício, tornar-se o caminho das pedras na porcaria de mundo em que o mundo se tem vindo a tornar. Nunca tive exatamente de ensinar ninguém. Orientei uns cursos breves, a muito custo, e tento explicar umas clarividências ao cão que tenho há umas semanas. Sinto-me sempre mais afetivo do que efetivo na passagem do testemunho. Quero muito que o Freud, o meu cão, entenda que estabeleço regras para que tenhamos uma vida melhor, mas não suporto a tristeza dele quando lhe ralho ou o fecho meia hora na marquise. Sei perfeitamente que não tenho pedagogia, não estudei didática, não sou senão um tipo intuitivo e atabalhoado. Mas sei, e disso não tenho dúvida, que há quem saiba transmitir conhecimentos e que transmitir conhecimentos é como criar de novo aquele que os recebe. Os alunos nascem diante dos professores, uma e outra vez. Surgem de dentro de si mesmos a partir do entusiasmo e das palavras dos professores que os transformam em melhores versões. Quantas vezes me senti outro depois de uma aula brilhante. Punha-me a caminho de casa como se tivesse crescido um palmo inteiro durante cinquenta minutos. Como se fosse muito mais gente. Cheio de um orgulho comovido por haver tantos assuntos incríveis para se discutir e por merecer que alguém os discutisse comigo. Houve um dia, numa aula de história do sétimo ano, em que falámos das estátuas da Roma antiga. Respondi à professora, uma gorduchinha toda contente e que me deixava contente também, que eram os olhos que induziam a sensação de vida às figuras de pedra. A senhora regozijou. Disse que eu estava muito certo. Iluminei-me todo, não por ter sido o mais rápido a descortinar aquela solução, mas porque tínhamos visto imagens das estátuas mais deslumbrantes do mundo e eu estava esmagado de beleza. Quando me elogiou a resposta, a minha professora contente apenas me premiou a maravilha que era, na verdade, a capacidade de induzir maravilha que ela própria tinha. Estávamos, naquela sala de aula, ao menos nós os dois, felizes. Profundamente felizes. Talvez estas coisas só tenham uma importância nostálgica do tempo da meninice, mas é verdade que quando estive em Florença me doíam os olhos diante das estátuas que vira em reproduções no sétimo ano da escola. E o meu coração galopava como se estivesse a cumprir uma sedução antiga, um amor que começara muito antigamente, se não inteiramente criado por uma professora, sem dúvida que potenciado e acarinhado por uma professora. Todo o amor que nos oferecem ou potenciam é a mais preciosa dádiva possível. Dá -me isto agora porque me ando a convencer de que temos um governo que odeia o seu próprio povo. E porque me parece que perseguir e tomar os professores como má gente é destruir a nossa própria casa. Os professores são extensões óbvias dos pais, dos encarregados pela educação de algum miúdo, e massacrá-los é como pedir que não sejam capazes de cuidar da maravilha que é a meninice dos nossos miúdos. É como pedir que abdiquem de melhorar os nossos miúdos, que é pior do que nos arrancarem telhas da casa, é pior do que perder a casa, é pior do que comer apenas sopa todos os dias. Estragar os nossos miúdos é o fim do mundo. Estragar os professores, e as escolas, que são fundamentais para melhorarem os nossos miúdos, é o fim do mundo. Nas escolas reside a esperança toda de que, um dia, o mundo seja um condomínio de gente bem formada, apaziguada com a sua condição mortal mas esforçada para se transcender no alcance da felicidade. E a felicidade, disso já sabemos todos, não é individual. É obrigatoriamente uma conquista para um coletivo. Porque sozinhos por natureza andam os destituídos de afeto. As escolas não podem ser transformadas em lugares de guerra. Os professores não podem ser reduzidos a burocratas e não são elásticos. Não é indiferente ensinar vinte ou trinta pessoas ao mesmo tempo. Os alunos não podem abdicar da maravilha nem do entusiasmo do conhecimento. E um pais que forma os seus cidadãos e depois os exporta sem piedade e por qualquer preço é um país que enlouqueceu. Um país que não se ocupa com a delicada tarefa de educar, não serve para nada. Está a suicidar-se. Odeia e odeia-se. V.H.Mãe

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

História das Religiões

Propostas para o Ano da Fé, por D. José Cordeiro


O bispo de Bragança-Miranda, D. José Manuel Cordeiro, acaba de lançar um novo livro com doze propostas para ajudar os fiéis a viverem melhor o Ano da Fé que a Igreja Católica está a promover. 
A obra, intitulada “Fé acreditada, Fé rezada”, procura contribuir para uma crença católica “próxima do ritmo litúrgico e esperançosamente inscrita na vida quotidiana”. 
As sugestões incluídas na publicação “tanto podem ser seguidas integralmente como servir de apoio e inspiração às dinâmicas celebrativas dos diversos grupos e comunidades eclesiais”, acrescenta. 
O projeto de D. José Cordeiro, com a chancela da editora PAULINAS, vai ser posto à venda em Bragança na próxima semana, na Casa de Santa Clara (mais conhecida por Casa do Arco). 
No lançamento do Ano da Fé na sua comunidade, a 14 de outubro, o bispo sublinhou a necessidade de “educar” as pessoas para a “participação” na liturgia, considerando este objetivo “um enorme desafio” para a Igreja. 
O especialista em Liturgia salientou ainda que “a espiritualidade não se ensina, aprende-se e experimenta-se”, incentivando os fiéis a uma maior atenção ao cumprimento dos sacramentos, que “têm a função de santificar, de edificar a Igreja”, à “oração”, sinal da “relação com Deus vivo e verdadeiro” e à prática da “caridade, elemento imprescindível para a verdade do culto cristão”. 
Nesse âmbito, o prelado apresentou três obras, uma dedicada aos mais novos, “Youcat, orações para jovens”, outra intitulada “Liturgia, a primeira escola da fé”, e uma terceira sobre o 50.º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II (1962-1965), “Vaticano II, 50 anos, 50 olhares”. 
Com o livro “Fé acreditada, Fé rezada”, D. José Cordeiro remete os fiéis para temáticas como o crescimento na fé, a importância do “testemunho credível” e “a novidade da Páscoa”. 
O Ano da Fé, convocado por Bento XVI, teve início no dia 11 de outubro, no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II e vinte anos após a publicação do Catecismo da Igreja Católica, e vai decorrer até novembro de 2013.

sábado, 17 de novembro de 2012

Revelação e Fé: apontamentos III


Os Milagres de Jesus:significado para a fé dos contemporâneos de Jesus; o que é um milagre; o significado na vida actual; a ideia do milagre e a conceção do mundo e da ciência moderna; como explicar a um não crente.
Um milagre causa admiração porque é um mistério, exige fé. Para acolher um milagre é preciso ter fé e exige-se mudança e conversão. Jesus, quando passava em algumas localidades, não fazia milagres porque as pessoas não tinham fé. O milagre é um gesto de poder, um sinal de Deus aos homens. A palavra milagre vem do grego “semeion” e significa sinal.
Tem três características fundamentais: natureza extraordinária e natureza divina; significado e carácter de sinal; contexto de fé em que acontece.
O milagre nunca é puramente objetivo, é sobretudo um sinal para a fé. É mais do que um prodígio. Um sinal pretende significar algo a alguém, criar uma relação. Através dele, Deus faz um apelo à salvação, para que acreditem.
É preciso que haja predisposição e abertura de fé ao milagre. A fé é uma opção fundamentada mas livre. O milagre é um sinal que pretende suscitar e fortalecer a fé.
Na vida de Jesus, muitos, vendo os seus milagres, continuaram a não acreditar nele. Um dos segredos messiânicos é que Jesus faz os milagres onde há predisposição da fé e diz: “não conteis a ninguém”, pois não quer passar por um curandeiro, quer antes transmitir uma mensagem ao mundo.
Os milagres de Jesus são sinais do reino messiânico anunciado e iniciado por Jesus, cumprimento da promessa que conduz todo o Antigo Testamento e que se concretiza no Novo Testamento.
Outros esperavam um Messias que vingasse o povo de Israel e Jesus não correspondia porque a sua mensagem é Amor. Jesus não se deixou influenciar e seguiu sempre o seu caminho. Os milagres manifestam em Jesus o poder de Deus, são sinais de amor de Deus presente e atuante em Jesus, que garantem a autoridade como Messias e antecipam a ressurreição de Jesus, sinal da Nova Humanidade e do Reino Escatológico. É um sinal complexo e polivalente para suscitar, confirmar e fortalecer a fé.
Sem a fé na Ressurreição a fé seria em vão, tudo perderia sentido.

Em síntese:
·         sinal do amor redentor e restaurador de Deus;
·         sinal da vitória última e definitiva de Deus sobre o mal;
·         sinal da vinda do reino de Deus escatológico e definitivo;
·         sinal da glória de Jesus e confirmação da sua vinda messiânica;
·         sinal do grande e último sinal: a ressurreição de Jesus e a sua confirmação definitiva.

Mistério Pascal – vem do hebraico “pesha”, significa passagem. Pode ser entendido num sentido estrito: Paixão, Morte e Ressurreição; e num sentido amplo – a Ascensão, a Glorificação e o Pentecostes.
No mistério a vida de Jesus há dois momentos essenciais: a cruz e a vida nova. Significado salvífico e redentor, significado revelador.
Deus revela-se na história e salva-nos. A revelação não significa apenas a transmissão de conhecimentos, mas a comunhão de vida, a salvação.
Quando Jesus se proclama Messias Rei e fala com Deus como Pai, levanta problemas ao povo de Israel, pois a intimidade com Deus era impensável. Estes são motivos que o levam à condenação.
A sua ressurreição veio provocar a reflexão. Os apóstolos reflectiram em tudo o que Jesus tinha feito e dito e no que tinha acontecido e começaram a escrever, dando origem ao Novo Testamento. A ressurreição abriu o espírito dos discípulos, pois a reflexão levantou várias questões: quem é o ressuscitado; quem é o crucificado; qual o significado da cruz; qual o significado da sua morte.
Jesus defendeu novos valores e estilos de vida, anunciou o reino de Deus, contou parábolas, fez milagres. Nasceu da virgindade de Maria e foi baptizado por João.
O mistério pascal é o momento revelador de Deus no seio da história humana, é a resposta ao sentido da vida, da história do homem e do universo.

Revelação e Fé: apontamentos II


Jesus de Nazaré como um Messias diferente
Profeta: alguém autorizado e enviado por Deus que profere e proclama a sua Palavra.
Era esperado um profeta singular, único, de tanta importância como o próprio Moisés. O perfil deste profeta vai-se identificando com a figura futura e enigmática do Messias Jesus. Em muitos aspectos identifica-se e aproxima-se dos anteriores profetas de Israel.
É tradicional porque anuncia a Palavra como os profetas do Antigo Testamento e vai dando sinais para anunciar a Palavra – gira em volta da Aliança Prometida e do reino de Deus esperado.
É inovador porque é o profeta que todos esperavam, Nele se realiza toda a Escritura.
Leva uma vida típica de um mestre e pregador itinerante, calcorreando a Palestina.
Onde está o espírito profético? Ainda há profetas?
Pelo baptismo todos somos profetas, temos como missão a responsabilidade da Palavra. Cada cristão é a boca de Deus no mundo e há uma enorme falta de consciência do que somos.

Jesus como Rei
A esperança num Messias concretizava-se na descendência de David, seria um seu descendente o rei de Israel (São Mateus, São Lucas – Genealogias de Jesus). Jesus atingiu importância logo no seu nascimento. Vieram os Magos prestar-lhe homenagem. Mas a realeza de Jesus manifesta-se diferente e oposta à realidade em geral – Jesus de Nazaré é um rei pobre, generoso, não violento, anunciador de misericórdia e da dignidade humana. Convive com a escória da humanidade, é um verdadeiro Rei mas um Rei diferente, não é um rei em competição com os reis deste mundo.
Os milagres de Jesus manifestam-No como Senhor e Rei da própria Natureza.
Pelo baptismo e confirmação todo o cristão participa da realeza de Jesus e é chamado a construir, pelo seu serviço, o reino de Deus na Terra, já iniciado em Jesus mas não consumado.

Jesus como sacerdote
Sacerdote é um membro da comunidade humana concreta que em nome e representação pública e oficial tem a seu cargo assegurar as relações com Deus.
O sacerdote representa a comunidade perante Deus e ao mesmo tempo entre Deus e os homens. A mediação é exercida através da oferta de dons a Deus e a distribuição ao homem dos dons de Deus.
Neste sentido, encontramos a instituição sacerdotal presente ao longo de toda a história de Israel. O que distingue o sacerdote é o sacrifício, a ação sagrada em nome da comunidade. O sacrifício implica o sacerdote, a vítima oferecida a Deus, o pão, o vinho e a própria oração de louvor. Tudo isto se verifica em Jesus Cristo.
O sacerdócio comum é dado pelo baptismo e pela confirmação de todos os que participam no sacerdócio de Jesus Cristo.
O sacerdócio ministerial é dado pelo sacramento da ordem.

A Boa Nova do Reino, mensagem de Jesus
O reino de Deus é o total domínio do amor, da justiça e da paz, é o início da renovação universal e da natureza, da história e do homem. É uma realidade profundamente divina e também humana, é uma resposta de Deus à interrogação, à busca e à situação do homem.
A Boa Nova trazida por Jesus é o Amor. É uma oferta gratuita o dom que Deus faz aos homens no seu filho Jesus, dom da nova vida, vida eterna e vida divina. Acolher a Boa Nova é acolher Jesus.

O Reino de Deus e o tempo
Jesus anunciou: o tempo chegou ao seu termo e o reino de Deus está próximo. O tempo tem valor definitivo e eterno. A vida terrena tem significado definitivo e eterno na Parousia – última vinda de Messias no fim do tempo humano. Somos o que fazemos ou seremos o que fizermos.
O Reino de Deus está em crescimento.

Revelação e Fé: apontamentos

Grandes momentos da Aliança de Deus com o povo de Israel



Antigo Testamento
Novo Testamento
Mediador
Abraão, Moisés, David
Jesus Cristo
Lei
Dez Mandamentos
Mandamento do Amor
Comunidade, povo
Israel
Igreja, Nova Israel
Sacrifício
Ceia pascal
Eucaristia
Vítima
Cordeiros, novilhos
Cordeiro de Deus
Libertação
da escravidão do Egito
da escravidão do pecado
Alimento
Maná
comunhão
Caminho
Deserto
Vida quotidiana
Sinal
Circuncisão
batismo
Termo
“terra prometida”
Casa do Pai, Céu

História da Igreja: Cristianismo nas Ilhas Britânicas


O Papa Gregório Magno, monge beneditino, (540-604), foi responsável pelo envio dos primeiros missionários para converter os anglo-saxões nas Ilhas Britânicas. Enviou um grupo de 40 monges beneditinos, liderados por Agostinho de Cantuária, que seria o primeiro arcebispo da Cantuária, na chamada Missão gregoriana.
Deixou extensa obra escrita, incluindo sermões e comentários sobre a Bíblia, como o livro Moralia, que comenta o livro de Jó, e volumes de correspondência.
Também foi responsável pela compilação dos sete pecados capitais - a soberba, a avareza, a inveja, a ira, a luxúria, a gula e a preguiça - adaptando para o Ocidente a partir das oito tentações descritas pelo monge Evágrio do Ponto, dois séculos antes.
A figura do abade tem grande peso na ordem beneditina, considerado o vigário de Cristo na Comunidade. Logo, a sua palavra tem que ser ouvida como se fosse a do próprio Deus. O abade vai ter na Regra beneditina um papel de consolador e encorajador, sobretudo relativamente aos que incorrem na pena de excomunhão por cauda da desobediência24. Aliás, esta ternura tão pouco habitual em regras anteriores, vai ser uma das principais características da Ordem, conferindo-lhe um sentido universal, destinada a todos os homens da Terra, misturando severidade e rigor com ternura, apoio e compreensão.
A Regra de São Bento ajudou a diluir a ideia defendida no início do séc. VI, e suportada por Santo Agostinho, segundo a qual era difícil que um bom monge se tornasse um bom clérigo. 
Com efeito, a Regra possibilitou a evolução e preparação dos monges, que inicialmente eram analfabetos na sua maioria, não tendo formação adequada para exercerem funções de presbíteros. A insistência numa vida em comunidade fechada - a estabilidade era um dos princípios bases da Regra-, produzia um tipo de monge mais civilizado que podia ser aproveitado para o clero secular após uma preparação adequada.
Quando São Bento faleceu, apenas três mosteiros abservavam as suas prescrições e trinta anos mais tarde o próprio mosteiro de Montecassino era destruído pelos Lombardos.
Ao ser eleito Papa, Gregório Grande, antigo monge beneditino, encarregou-se de propagar a Regra da sua Ordem tendo em mente dois objectivos bem definidos.
1. favorecer o monaquismo, na medida em que era melhor para a expansão do Cristianismo;
2. desenvolver uma legislação unificada sobre a qual poderia exercer maior controle.
No final do seu pontificado já uma grande rede de mosteiros beneditinos cobria a Europa, entre os quais se salientaram as abadias de Jarrow, Malmesbury e Westminster, na Inglaterra, bem como as fundações antigas reconvertidas de Lérins e Marmoutier.
Gradualmente, e com o grande incremento dado por Gregório o Grande, o ideal beneditino foi-se espalhando e alicerçando tendo absorvido até a Regra de Columba, na Irlanda.
A Península Ibérica foi também influenciada pela corrente monástica que então se vivia na Europa.
De imediato ressaltam dois nomes: São Martinho de Dume, que na segunda metade do séc. VI trouxe à Galécia a doutrina do Monaquismo Oriental; de São Frutuoso de Braga, monge visigodo propulsor de um movimento ascético que sobreviveu à invasão islâmica, tendo composto uma Regra para monges e que mais tarde originou uma Regra comum.
No reino visigodo cristão vários Padres Hispânicos elaboraram Regras. Entre eles, salientaram-se São Leandro, com uma Regra para Virgens, dedicada a sua irmã Florentina, e Santo Isidoro, cuja Regra se destinou ao mosteiro Honorianense, na Bética.
A vida monástica na Hispânia estava subordinada aos prelados diocesanos-bispos, que tinham o direito não só de escolher o abade dos mosteiros mas também o de corrigir os excessos cometidos contra a Regra.
Este facto demarcou o monaquismo da Espanha goda do ideal beneditino, que impunha que o abade fosse eleito pela Congregação tendo a partir desse momento papel soberano sobre toda a comunidade.
No que se refere à província da Lusitânia, um dos seus mosteiros mais antigos foi o do Lorvão, segundo Fortunato de Almeida28, sendo provável que a sua fundação date de meados do séc. VI e que, a par dos mosteiros de Dume e de São Martinho de Tibães, constitui um marco importante da vida monástica em território que posteriormente viria a ser Portugal.
Irlanda
Ainda está por explicar a rápida difusão do Cristianismo na Irlanda, cuja bandeira exibe um trevo, numa referência a São Patrício.
A corrente monástica nas Ilhas Britânicas e, em especial, na Irlanda revestiu-se de características muito próprias que a demarcaram relativamente a outras regiões.
Com efeito, quando o Cristianismo espalhava a sua influência em ambas as margens do Mediterrâneo, a Inglaterra encontrava-se ainda sob o domínio de Roma. A lenda e a tradição falam das viagens à Bretanha (hoje Grã-Bretanha) de Paulo, Filipe e José de Arimateia, bem como da fundação cristã em Glastonbury. Contudo, tudo isto não passa de uma mera hipótese, à qual se vem juntar a ideia de que até mesmo entre os romanos, que se encontravam na Bretanha durante o período de ocupação, alguns podiam ter ouvido e aceitado a mensagem do Cristianismo30. A primeira menção a cristãos na Grã-Bretanha aparece no Tratado contra os Judeus (202), de Tertuliano, no qual se faz referência a zonas da Bretanha inacessíveis aos Romanos, mas onde já vigoravam os ensinamentos de Cristo.
Em 314, por ocasião do Concílio de Arles, três bispos representaram a Bretanha, o que denota já um avanço considerável da Igreja numa base diocesana. Anos mais tarde, em 359, alguns bispos britânicos estiveram presentes num dos maiores concílios da Igreja - o de Rimini, ainda que com uma fraca representação.
Com excepção para Santo Albano, que no dizer do Venerável Bede, é o primeiro cristão digno de registo na Bretanha, é a partir do séc. V que passa a ser possível distinguir as grandes personalidades no processo de cristianização das Ilhas Britânicas, e em especial da Irlanda. São Patrício surge então como responsável pela chamada "conversão da Irlanda", sendo reconhecido como herói nacional. Considerada uma ilha bárbara, a Irlanda nunca se integrou no Orbis Romanus. São Jerónimo referia-se aos seus habitantes em termos pouco lisonjeiros e o espírito irlandês sempre se manifestou de um modo muito particular, envolto numa auréola de mistério e magia.
São Patrício (387 — 17 de março de 461) foi primeiramente um missionário cristão, sendo depois sagrado bispo e santo padroeiro da Irlanda, juntamente com Santa Brígida de Kildare e São Columba. É considerado o Apóstolo da Irlanda.
Quando tinha dezesseis anos foi capturado e vendido como escravo para a Irlanda, de onde escapou e retornou à casa de sua família seis anos mais tarde. Iniciou então sua vida religiosa e retornou para a ilha de onde tinha fugido para pregar o Evangelho. Converteu centenas de pessoas, muitas delas se tornaram monges. Para explicar como a Santíssima Trindade era três e um ao mesmo tempo utilizava o trevo de três folhas e por isso o mesmo tem papel importante na cultura Irlandesa. Foi incentivador do sacramento da confissão particular, tal como conhecemos hoje, visto que antes o mesmo era realizado de forma comunitária. Um século mais tarde essa prática se propagou para o restante da Europa.
São Patrício tornou-se o “druida de Deus” ao converter com êxito os chefes das tribos, conseguindo difundir o monaquismo.
À medida que São Patrício viajava, eram fundados novos mosteiros, alguns deles tão grandes que incluíam alguns milhares de monges que aí se recolhiam com o principal objectivo de se prepararem para aumentarem o seu grupo baptizando novos monges. É a época do monge missionário, traço característico do monge celta, que quer levar o Evangelho a toda a parte, fazendo da sua vida uma "peregrinação" por Cristo.
Evangelizadores como São Patrício imbuíram de espírito cristão a cultura dominante sem aniquilar a sua matriz cultural.

Fonte: apontamentos da aula e http://www.ipv.pt/millenium/15_arq1.htm

História da Igreja: Monaquismo


O Monaquismo é um sistema de vida de consagração à causa divina, que tenta chegar a Deus passando pelo recolhimento e uma vida de dedicação e interiorização.
A esta palavra associa-se uma outra - monge -, que deriva do grego monos, (único, só). Etimologicamente, designa aquele que vive solitário, dedicando a sua vida ao serviço de Deus, dedicação essa assumida livremente e que pressupõe o cumprimento das normas estabelecidas numa Regra, baseando-se sempre nos conceitos de castidade, pobreza e obediência.
Embora tenha assumido formas diferentes, o Monaquismo tem sido uma constante na vida de várias religiões, à partida completamente díspares (ex: Monaquismo Budista versus Monaquismo Cristão), revelando-se acima de tudo como "algo universal e inerente à condição dos fiéis que pretendem desenvolver a sua vida espiritual no sentido da perfeição".
Desde os primórdios da Cristandade que os ideais livremente assumidos de virgindade e castidade em louvor do Reino de Deus foram motivo de admiração. Essa escolha era feita "por fiéis de ambos os sexos que abraçaram uma vida de plena imitação de Cristo e que, para além dos votos referidos, praticavam a oração e a mortificação paralelamente com obras de misericórdia".

História da Igreja: Vida nos mosteiros e o mosteiro de Castro de Avelãs


No mosteiro a obediência pautava-se pela disciplina e pelo horário. Quando tocava para a oração, deixavam o que estivessem a fazer para rezar.
A ociosidade é inimiga da alma e, por isso, os monges devem ocupar-se de trabalhos manuais e de leitura espiritual, insistia-se no cultivo da sabedoria.
É preciso lembrar que inicialmente o cristianismo era um fenómeno sobretudo urbano e que, a partir do século IV, devido ao contexto histórico e político, multiplicaram-se as paróquias rurais.
Bragança e o mosteiro de Castro de Avelãs
As primeiras referências a um povoado (pagus), antepassado toponímico de Bragança, surgem nas actas do Concílio de Lugo (569 d. C.) sob a designação de Vergancia. Posteriormente, já na divisão administrativa de Wamba (666 d. C.) surge já uma referência a Bregancia. Salvaguarde-se, contudo, que esta referência pode não corresponder toalmente à verdade um vez que a cópia das actas a que se teve acesso é de elaboração posterior, podendo ter sido alvo de interpretação.
O domínio de suevos e visigodos, acerca dos quais tão pouco se sabe, veio contribuir para que se acentuasse a ruralização da economia. Com efeito, supõe-se que alguns traços da vida pastoril e comunitária desta região se ficam a dever à ocupação destes invasores.
Finalmente, o último povo invasor: os mouros, a quem a tradição popular tende a atribuir uma grande soma de vestígios. Como foram os últimos “intrusos” e como foi marcante o ambiente de prolongadas lutas e conflitos entre a civilização cristã e a muçulmana, a memória dos povos islâmicos permaneceu no imaginário popular. São diversas as lendas e tradições que lhes atribuem muito do que deixaram os povos anteriores, sobretudo os romanos. Ainda que a toponímia pareça acusar a sua influência (Alfaião, Babe, Baçal, Bagueixe, Mogadouro, etc.) não foram encontrados vestígios materiais dos mouros que permitam comprovar a sua presença. Note-se que a influência da civilização islâmica parece ter sido pouco marcante nas regiões a norte do Douro e ainda menos relevante nestas áreas montanhosas do interior.

Mesmo sem aceitar a tese do ermamento, é bem provável que o actual Trás-os-Montes, bem como toda a região do Nordeste, tenha experimentado, no início do domínio muçulmano, uma acentuada rarefacção do povoamento. Devido ao movimento da Reconquista a região de Bragança, integrada que estava no reino das Astúrias (ou de Leão, como passa a ser conhecido a partir do século X), acaba por sofrer a influência leonesa, traduzida em alterações ao nível da economia, da organização eclesiástica, da arquitectura, da cultura e, até, da própria língua, cujas influências perduraram até à actualidade. Senão, repare-se nos falares mirandês e guadramilês. 
 (informação retirada do site da Câmara Municipal de Bragança)

Para mais informação ver cópias fornecidas pelo professor durante a aula e relativas ao bispado de Bragança durante o governo dos suevos e godos, das Memórias Arqueológico-Históricas do distrito de Bragança, Tomo I; bem como o documento “organização eclesiástica do espaço”, de Ana Maria Jorge; e “o mosteiro beneditino de São Salvador de Castro de Avelãs no povoamento da região de Bragança”, de Carlos Prada de Oliveira.


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

História da Igreja - Nova Europa em reconstrução

Santo Agostinho de Hipona foi muito ativo  na luta contra o Priscilianismo

Idácio de Chaves foi uma figura importante, bispo num território que pertenceu à diocese de Chaves. Foi no Oriente, em Belém, que conheceu São Jerónimo, e quando regressou lutou contra os bárbaros suevos que, supõe-se, dominariam a nossa zona geográfica. Outra das suas preocupações foi a luta contra as heresias na “Crónica”, nomeadamente contra o Priscilianismo.
O Priscilianismo desenvolveu-se a partir do século IV, nomeadamente na Península Ibérica. Negava a Santíssima Trindade e atribuía a Cristo uma aparência de corpo. Condenavam o matrimónio e a alimentação de carne. Negavam a criação do mundo e a ressurreição de Cristo. Consideravam a alma parte da divindade. Falsificavam as Escrituras e serviam-se de livros apócrifos. Admitiam o fatalismo astrológico.

Bento de Núrsia foi outra figura importante nesta reconstrução. Nascido em Núrsia, na Itália, em 480, a sua vida é conhecida através dos Diálogos do Papa São Gregório Magno.
Filho de proprietários rurais, segundo alguns, teria uma irmã gémea chamada Escolástica. São Bento passou a juventude a estudar em Roma, mas retirou-se da vida da cidade para ir viver para uma comunidade de ascetas. Durante esses anos de solidão, amadureceu as suas ideias e, pela sua conduta, ganhou o respeito de todos à sua volta.
De tal forma que a morte de um abade de um mosteiro das redondezas, que alguns dizem ser de Vicovaro, fez com que a respetiva comunidade escolhesse São Bento como seu abade. Conhecendo a vida e a disciplina do mosteiro e alegando que a sua maneira de viver não estava de acordo com estas, São Bento recusou inicialmente mas, perante a insistência, acabou por dar o seu consentimento. A experiência falhou porque os frades não estavam habituados à maneira dura de viver do santo e tentaram envenená-lo, voltando São Bento para a sua gruta. Os seus milagres tornaram-se frequentes, a partir de então, e muitas pessoas atraídas pela sua santidade vieram viver para Subiaco. Fundou uma comunidade de monges distribuída por doze pequenos mosteiros, em cada um dos quais havia um monge superior e doze monges, mantendo-se o santo abade de todos eles. Nestes mosteiros começaram a funcionar escolas para crianças onde estudaram Mauro e Plácido. Em 529, transferiu-se com os seus monges para o Monte Cassino, onde escreveu a sua famosa Regra e atraiu muitos discípulos e simples fiéis até à data da sua morte com a sua santidade, a sua sabedoria e os seus milagres. Monte Cassino foi fundado no lugar de um antigo templo pagão dedicado a Apolo e São Bento juntou a sua comunidade num único edifício. Ao contrário de Subiaco, Monte Cassino era situado num distrito populoso, com várias dioceses e mosteiros, o que proporcionava o convívio e a visita de prelados, nobres e das restantes classes sociais, tornando-se o refúgio e a proteção dos pobres. Escolástica, a irmã de São Bento, visitava-o uma vez por ano e faleceu numa das visitas tendo vindo a ser enterrada no túmulo que São Bento tinha preparado para si próprio, em Monte Cassino, e onde também veio a ser enterrado. O corpo de São Bento foi trasladado para Fleury, em 693, tendo mais tarde o Papa Zacarias mandado trazer uma parte das suas relíquias para o Monte Cassino. São Bento era conhecido pela sua grande simpatia, carinho e por uma grande capacidade de sacrifício e dedicação à sua comunidade. A Regra de São Bento, escrita em latim vulgar, tem como fontes a Sagrada Escritura, os santos Pacómio, Basílio, Leão Magno, Jerónimo e Agostinho, entre outros. Foi redigida para os cenobitas e é atualmente seguida por Beneditinos, Cistercienses, Camáldulos e outros, tendo sido traduzida em Portugal pela primeira vez em Alcobaça, no século IV. Segundo alguns estudiosos, a Regra de S. Bento foi escrita para leigos, para que estes observassem uma vida o mais próxima possível do Evangelho, e não para clérigos, já que a intenção de S. Bento não era constituir uma ordem ou uma regra para clérigos. Com a imposição por parte da Igreja do estado de clericanismo aos Beneditinos, foi levada a cabo a consequente imposição dos deveres clérigos e sacerdotais. No entanto, as características de leigos permaneceram e distinguem a ordem das restantes. Uma das características da ordem é o trabalho como meio de se atingir o bem e chegar a Deus, a outra é o carácter social da ordem e do seu sentido de comunidade vivendo para o bem dos outros. Seguindo um ideal de pobreza, este é muito diferente do ideal de pobreza defendido por São Francisco de Assis, já que admite alguns poucos bens pessoais e bens da comunidade que podem ser muitos mas devem sempre ser utilizados para benefício do próximo.
São Bento de Núrsia. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-11-17].

Regra de S. Bento
Trata-se de um texto escrito por S. Bento (c. 480 - c. 547) no fim da sua vida, composto a partir de 530. Hoje, admite-se que Bento de Núrsia utilizou uma regra anónima ligeiramente anterior, a Regula Magistri (ou "Regra do Mestre"), cuja redação se deve situar entre 500 e 530.
"Monumento de vastas proporções, de arquitetura sólida", a Regra de S. Bento coloca um abade à cabeça de cada mosteiro (abade deriva do siríaco apa, pai, cuja helenização deu abbas, assim passando ao latim). Se a "Regra do Mestre" determina que o abade deve ser designado pelo predecessor, a Regra de S. Bento prevê a sua eleição pela comunidade, à cabeça da qual será colocado. O abade, segundo S. Bento, deverá amar os seus monges como seus filhos e fazer-se amar por eles.
Rigorosa e exigente no que concerne à disciplina e ao respeito, estrita quanto ao cumprimento do ofício divino, esta Regra distingue-se, todavia, pelo seu carácter humano, fonte de misericórdia e de harmonia. Introduz, igualmente, uma mudança decisiva: as comunidades monásticas, até então a maior parte delas laicas, são a partir de S. Bento compostas de sacerdotes e irmãos leigos.
Nascida das experiências quotidianas da vida comunitária, não seguindo um plano lógico estrito, mas distinguindo-se por um sentido de precisão que atinge os mais pequenos detalhes, serviu de base a todas as regras e textos normativos posteriores.
A princípio com limitada influência, a Regra começou a ser largamente difundida na época carolíngia, com Bento de Aniana, graças à autoridade na Igreja de Gregório, "o Grande", que confere um lugar de destaque a S. Bento e à sua época. Torna-se mesmo, na época românica, o documento fundamental da vida monástica, servindo de modelo a um grande número de novas ordens que a adotam ou nela se inspiram. A ação dos beneditinos (como dos cistercienses, também seguidores da Regra de S. Bento) alterará profundamente a Europa Ocidental e medieval em todos os seus domínios, fazendo com que S. Bento seja considerado o "Pai da Europa", o fundador do ideal europeu. Por outro lado, a Regra de S. Bento unificará e revitalizará o monaquismo ocidental, visto estar melhor adaptada aos novos tempos e aos monges da Europa Atlântica.
Em Portugal, entra com carácter definitivo e de forma clara depois do Concílio Coiança (Castela), em 1020.
A Regra de S. Bento foi o melhor sustentáculo da Igreja Medieval primitiva. Rompendo com o ascetismo intransigente do monaquismo oriental, instituiu uma vida comunitária rigorosa, mas razoável e equilibrada. Os seus vetores fundamentais são a humildade, a pobreza, a obediência ao Padre Abade e o respeito pela liturgia. Seis séculos depois da morte de S. Bento ainda não existia outra regra monástica no Ocidente. Tinha já fornecido 20 papas e inúmeros missionários. O ensino nas abadias beneditinas nos períodos agitados era o único sistema de formação de homens cultos e de administradores, cada vez mais confrontados com formas de governos mais complexas.
Esta Regra ainda hoje se mantém viva em milhares de mosteiros no mundo inteiro.
Regra de S. Bento. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. [Consult. 2012-11-17].
  

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Reflexão

Um texto interessante retirado daqui:



Durante séculos, estudantes das Escrituras têm debatido se é possível obter o verdadeiro conhecimento de Deus a partir de um mundo natural e por meio do raciocínio lógico. Pela reflexão racional, os antigos filósofos gregos chegaram à conclusão de que havia uma razão universal (gr. logos), que eles chamaram de Deus (gr. theos). Essa reflexão filosófica sobre Deus recebeu o nome de Teologia (gr. Theologia), o conhecimento racional sobre Deus.
Também foi chamada de teologia natural para distinguí-la da teologia mítica, o conhecimento dos deuses. Embora essa mitologia natural levasse os filósofos gregos a adotar uma atitude crítica para com sua antiga mitologia, não os fez abandonar o politeísmo para adorar um único e verdadeiro Deus.
O apóstolo Paulo nunca utiliza a palavra “teologia”. Apesar disso, seus escritos dão evidência não só de que ele conhecia pessoalmente a teologia natural dos gregos, mas também de que estava convencido da insuficiência dela em levar pessoas ao conhecimento salvífico de Deus. O apóstolo afirma que “os gregos buscam sabedoria”, mas insiste na ineficácia desta sabedoria, pois “o mundo não O conheceu [a Deus] por sua própria sabedoria” (1Co 1:22, 21).
Paulo acreditava que a criação revela Deus, mas também que o conhecimento de Deus que ela manifesta não consegue ser apreendido por mentes humanas obscurecidas pela descrença, dúvida, culpa e ignorância (Rm 1:19-21). A sabedoria obtida a partir das obras de Deus pelos não iluminados com a luz do Espírito de Deus leva-os invariavelmente à idolatria, ao invés de à adoração do Deus verdadeiro.
O apóstolo chama a atenção para o fato de que os seres humanos “mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador” (v. 25). O resultado final foi a idolatria degradante, a imoralidade repulsiva e a hedionda criminalidade (v. 22-32; cf. Ef 4:17-19).


“Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis; porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos dos seus corações, para a degradação dos seus corpos entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém. 
Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão. Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam. Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis. Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam tais coisas merecem a morte, não somente continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam” (Rm 1:20-32).
Os escritores bíblicos frequentemente se referem aos fenômenos da natureza como uma revelação de Deus e de Seus atributos. Todos os aspectos do Universo em que vivemos são manifestações da glória e da sabedoria divina. Diversos salmos se referem a Deus como o Criador do céu e da terra, mantenedor constante de todas as Suas obras e provedor das necessidades de todas criaturas vivas, inclusive Seus filhos humanos (Sl 8:1-4; 19:1-6; 33:1-9; 104:1-35; 136:1-9).

EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS DE DEUS ATRAVÉS DO MUNDO NATURAL

Categoria
Descrição
MATÉRIA
Por que a matéria é organizada em partículas subatômicas seguindo leis que permitem formar mais de 100 elementos que fornecem matéria para o Universo, bem como átomos, moléculas e mudanças químicas necessárias à vida? A matéria poderia ser caótica, sem leis. Leis sugerem um plano inteligente. Por que a massa dessas partículas subatômicas é muitas vezes exatamente a necessária, com a precisão de apenas uma parte em mil?
FORÇAS
A área de ação e o valor muito exato das quatro forças básicas na física são os corretos para permitir um Universo adequado à existência de vida. A força da gravidade, em relação com a eletromagnética, precisa ser extremamente exata, ou o Sol não proporcionaria à Terra a quantidade certa de calor que necessitamos. Essa precisão sugere um planejamento da parte de Deus.
VIDA
Os mais simples organismos vivos são tão intrincados e complexos que não parece ser possível sua origem sem planejamento inteligente. Complexidades incluem DNA, proteínas, ribossomos, trilhas bioquímicas, código genético e a capacidade de reproduzir tudo isso, incluindo um sistema de leitura e correção para duplicar o DNA.
ÓRGAOS
Em todos organismos encontramos sistemas com complexidade irredutível. Esses têm partes interdependentes que não funcionam enquanto todas as partes necessárias não estão presentes. Exemplos: mecanismo de autofoco e autoexposição do olho, bem como nosso intrincado cérebro, etc. As partes individuais inúteis desses sistemas não sobreviveriam evolutivamente e, por isso, requereriam o planejamento de um idealizador.
TEMPO
As supostas longuíssimas eras da Terra e do Universo são curtas demais para acomodar os improváveis eventos imaginados pela evolução. Cálculos indicam que os cinco bilhões de anos da Terra são bilhões de vezes curtos demais para a média do tempo exigido para produzir uma única molécula específica de proteína ao acaso. Deus parece necessário.
FÓSSEIS
Durante a maior parte do tempo da evolução, virtualmente nada ocorre. Então, de repente, perto do final, e durante menos de 2% desse tempo de evolução, aparece a maioria dos fósseis de animais naquilo que se chama de explosão cambriana. Ademais, não se encontra nenhum ancestral significativo desses filos. Muitos outros grandes grupos também aparecem de repente, como se tivessem sido criados. Os evolucionistas sugerem alguns poucos intermediários, mas, se a evolução tivesse mesmo ocorrido, o registro fóssil estaria cheio de todo tipo de intermediários tentando evoluir.
MENTE
A mente possui características que a ciência tem grande dificuldade para analisar. Assim, ela aponta para uma realidade além no nível naturalista, na direção de um Deus transcendente. Nosso livre-arbítrio, se realmente livre, como a maioria concorda, está acima dos princípios científicos normais de causa e efeito. Outros fatores incluem nossa consciência, a saber, a percepção de que existimos, e a sensação de que a realidade tem sentido. Também possuímos o senso do bem e do mal, o amor e o interesse pelos outros. Na matéria comum, não encontraremos essas características mais elevadas da mente.

Esses salmos de louvor para a comunidade da fé mostram que as obras da criação constituem-se numa revelação da majestade de Deus e de Seus amoroso cuidado. Muitas outras porções do Antigo Testamento, especialmente em Jó e Isaías, transmitem a mesma mensagem. As perguntas desafiadoras de Isaías 40:12-31 apontam para um Criador e Senhor onipotente, não obstante bondoso.
Jesus frequentemente dirigia a atenção de Seus ouvintes para as coisas da natureza, a fim de ilustrar verdades espirituais. As aves do céu e os lírios do campo demonstram o cuidado de Deus por Suas criações mais humildes, e Jesus indaga: “Não valeis vós muito mais do que as aves?” (Mt 6:26). Deus faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos (Mt 5:44). Outras lições da natureza incluem a árvore boa que produz bons frutos e a árvore má que produz frutos maus – os falsos profetas (Mt 7:15-20). Em harmonia com Gênesis 3, Jesus ensina que a natureza revela o conhecimento do bem e do mal.
Os fenômenos da natureza, porém, nos dão um quadro ambivalente do bem e do mal. Além disso, como consequência do pecado, a natureza às vezes age como instrumento do castigo divino. De acordo com a Bíblia, a natureza mostra a glória, a sabedoria e o cuidado divinos. Por outro lado, na decadência, doença, desastre e morte tão prevalecentes neste mundo de pecado, a natureza também expõe as consequências da queda. Manifesta diariamente o cuidado de Deus, mas também apresenta claramento os castigos divinos sobre o pecado humano. É preciso ter em mente ambos os aspectos para entender a questão da teologia natural.
A evidência bíblica sugere que só se pode obter um conhecimento verdadeiro de Deus a partir da criação e da providência quando, sensibilizados pela misericordiosa obra do Espírito Santo, a mente humana é transformada e a percepção espiritual, despertada.

Referências:


  • Ariel A. Roth. A ciência descobre Deus: evidências convincentes que o Criador existe. Casa Publicadora Brasileira. 2010, p. 249.
  • Peter M. van Bemmelen. Revelação e inspiração. in: Tratado de teologia adventista do sétimo dia. Casa Publicadora Brasileira, Tatui/SP. 2011, p. 30-35.

Revelação e Fé - revelação natural e revelação em Jesus


Revelação Natural e Revelação em Jesus Cristo, apontamentos de Revelação e Fé
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O homem tem um conhecimento natural de Deus. A partir dos vários aspectos da Criação, do Finito, obra de Deus, o Homem, pela sua inteligência, pela razão, tem um conhecimento natural de Deus como Fundamento do Ser, diferente do finito.
O Homem anseia a revelação de Deus. Todos os dias há uma procura de Deus.
A fé tem razões, supõe conhecimento, não contradiz a razão. A fé, resposta à Revelação, é mais do que aquilo que a razão pode alcançar sozinha. A fé supera a razão, integra a razão.

Revelação e Fé: termos e conceitos


Razão: define o ser humano. Permite chegar a conclusões a partir de premissas. Os filósofos racionalistas opõem a razão à imaginação. Conhecimento humano que reflecte os problemas do Homem, do Universo e de Deus, prescindindo da Revelação e da Fé. É aquilo que o espírito humano “sozinho”, isto é, sem a ajuda da Revelação, pode alcançar.

Religião: conjunto de crenças e convicções referidas a Deus ou “deuses” e forças superiores ao Homem, partilhadas por uma comunidade humana e ligadas a práticas, ritos e tradições.

Moral: conjunto de normas e sistema de valores, implica prática ética.

Revelação: consiste em fazer participar, pela graça do Espírito Santo, todos os homens na vida divina, como filhos adoptivos no Seu único Filho, Jesus Cristo. A revelação é plenamente realizada e completada em Jesus Cristo.

Fé: é uma atitude humana de confiança, de entrega, de afectividade, é uma maneira de viver para além do conhecimento intelectual.

Bíblia: Livro Sagrado composto pelo Antigo Testamento e Novo Testamento. O Antigo Testamento é a sua primeira parte e trata da relação de Deus com o povo israelita. O Novo Testamento foi escrito após a morte de Jesus Cristo, narra a vida Dele e o desenvolvimento da nova comunidade por Ele fundada.

Tradição: para os católicos, a Palavra de Deus está contida não só nas Escrituras, mas também nos ensinamentos de Jesus Cristo e dos Apóstolos, ensinamentos que a comunidade cristã tem transmitido oralmente, de geração em geração e na vida da própria comunidade.

Mistério: Trinitário (Pai, Filho e Espírito Santo); Cristológico (nascimento, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo).

Apontamentos de História da Igreja

São Pedro e São Paulo
A expansão e consolidação do Cristianismo encontrou forte oposição nos três primeiros séculos da sua história. O Cristianismo exigia a adesão pessoal e interior a Jesus Cristo, mas não apareceu como uma religião para um povo, antes como uma fé para todos, a levar por toda a parte, a unir todos os povos. No início do século I, os cristãos eram segregados e perseguidos, vítimas de calúnias, eram acusados de magia, incesto, infanticídio ritual.
O fogo que consumiu Roma, em 64, (imperador Nero), despoletou a perseguição dos cristãos e a morte dos discípulos romanos de Cristo, que seriam queimados no circo. São Paulo e São Pedro seriam vítimas e a perseguição alastrou-se para além de Roma.
O incentivo ao culto imperial (imperador Domiciano), na mesma época, valeu aos cristãos a punição do Império. São João exila-se em Patmos. Com Trajano foram martirizados Simão, bispo de Jerusalém, e Santo Inácio. Os cristãos eram punidos através da legislação geral por recusarem o culto do imperador e dos deuses tradicionais. É desta altura a carta do jovem Plínio a imperador Trajano.

Encontro com o Gnosticismo

A palavra em grego deriva do conhecimento. É um conjunto de correntes filosófico-religiosas que dizia que o conhecimento superior e profundo do mundo e do homem dava sentido à vida. Apresentava-se como um conhecimento intelectual e não como uma adesão espiritual ou de fé, porque aderimos a Cristo pela fé.
Os gnósticos colocavam a razão no conhecimento que tinham adquirido em círculos fechados e de forma oculta. Eram um perigo para a Igreja porque a partir do conhecimento que tinham interpretavam as Sagradas Escrituras à sua maneira. Uma das suas características é a compreensão dualista: o corpo é mau, o espírito é bom; e é uma das contradições com a fé cristã pois Cristo encarnou e tornou-Se nossa carne para a salvar.
Irineu, bispo de Lião, vai lutar contra as heresias
É isso que Irineu, bispo de Lião, vai refutar no livro “Contra as Heresias”. Irineu pedia a adesão total a Cristo.
O Gnosticismo foi um perigo maior que as autoridades do Império.

Os vários imperadores (Marco Aurélio, Séptimo Severo, Maximino) perseguiram o Cristianismo, editando leis que impedissem o seu crescimento e fazendo muitas vítimas entre os catecúmenos e os neófitos.

Catecumenato:é o tempo ou instituição que no quadro da iniciação cristã se destinava a ajudar os recém-convertidos de uma fé inicial a uma fé adulta. Destina-se a todos os que passaram a ser cristãos. Até à eleição eram acompanhados e depois continuavam a ser acompanhados por padrinhos ou madrinhas. Vive-se muito hoje, em França, país que sofreu uma grande crise de fé. Nas nossas igrejas, crianças já com alguma idade têm de obedecer ao catecumenato para serem baptizadas.
O que se vincava era a tradição dos ensinamentos de Jesus Cristo, a catequese mistagógica, ou seja, de introdução ao mistério de Cristo.

Embora com alguns períodos de acalmia, todos os imperadores, de Décio a Diocleciano, perseguiram os cristãos. Publicaram-se éditos que condenavam à morte os membros da hierarquia que persistissem na fé. As celebrações ocorriam nas catacumbas. Foi aí que o Papa Sisto II e quatro diáconos foram mortos, surpreendidos na celebração da Eucaristia.

As acusações contra o Cristianismo surgiam de três origens:

  •          Meios populares
  •          Judaísmo
  •          Intelectuais pagãos

Os Apologistas (século II) atacavam os vícios pagãos contrapondo com a virtude cristã; aos judeus tentavam mostrar a união entre o Antigo e o Novo Testamento; e aos intelectuais pagãos explicavam a “semente do Verbo”, as sementes que Jesus semeia em que procuram de coração sincero a Verdade.

No século III, a Igreja atingiu uma ampla expansão e atingiu os meios cultos. Filósofos como Clemente de Alexandria e Orígenes serviram o estudo da Palavra de Deus. A formação jurídica de Tertuliano levou-o a defender adequadamente a doutrina cristã. 
Os Apóstolos e os seus colaboradores tinham fundado um número considerável de Igrejas locais, de Jerusalém a Roma, onde lhes sucederam, depois, os bispos. A Igreja estava bastante bem estruturada e havia muita união na relação com as comunidades. 
Sob esta herança, foi possível aos Concílios Ecuménicos dos séculos IV e V fixarem o sentido e acertarem a expressão comum das certezas cristãs.
  •     325 Niceia, imperador convoca Concílio para debater a questão de Cristo ser ou não consubstancial ao Pai
  •  Constantinopla – questão da divindade do Espírito Santo
  •   431 Éfesio – interrogações sobre a divindade da maternidade de Maria, mãe de Deus
  • 451 Calcedónia – luta contra o monofisismo que dizia que Cristo tinha apenas uma natureza, em que a humanidade tinha absorvido a divindade (considerada uma heresia)

Grandes Igrejas: Roma, Constantinopla, Antioquia, Alexandria, Jerusalém, a que se juntaram outras. Foi um período áureo dos bispos e da Igreja, embora, nos inícios da Igreja, alguns bispos e padres tenham caído em heresias (arianismo, monofisismo).