terça-feira, 6 de novembro de 2012

Apontamentos de História da Igreja

São Pedro e São Paulo
A expansão e consolidação do Cristianismo encontrou forte oposição nos três primeiros séculos da sua história. O Cristianismo exigia a adesão pessoal e interior a Jesus Cristo, mas não apareceu como uma religião para um povo, antes como uma fé para todos, a levar por toda a parte, a unir todos os povos. No início do século I, os cristãos eram segregados e perseguidos, vítimas de calúnias, eram acusados de magia, incesto, infanticídio ritual.
O fogo que consumiu Roma, em 64, (imperador Nero), despoletou a perseguição dos cristãos e a morte dos discípulos romanos de Cristo, que seriam queimados no circo. São Paulo e São Pedro seriam vítimas e a perseguição alastrou-se para além de Roma.
O incentivo ao culto imperial (imperador Domiciano), na mesma época, valeu aos cristãos a punição do Império. São João exila-se em Patmos. Com Trajano foram martirizados Simão, bispo de Jerusalém, e Santo Inácio. Os cristãos eram punidos através da legislação geral por recusarem o culto do imperador e dos deuses tradicionais. É desta altura a carta do jovem Plínio a imperador Trajano.

Encontro com o Gnosticismo

A palavra em grego deriva do conhecimento. É um conjunto de correntes filosófico-religiosas que dizia que o conhecimento superior e profundo do mundo e do homem dava sentido à vida. Apresentava-se como um conhecimento intelectual e não como uma adesão espiritual ou de fé, porque aderimos a Cristo pela fé.
Os gnósticos colocavam a razão no conhecimento que tinham adquirido em círculos fechados e de forma oculta. Eram um perigo para a Igreja porque a partir do conhecimento que tinham interpretavam as Sagradas Escrituras à sua maneira. Uma das suas características é a compreensão dualista: o corpo é mau, o espírito é bom; e é uma das contradições com a fé cristã pois Cristo encarnou e tornou-Se nossa carne para a salvar.
Irineu, bispo de Lião, vai lutar contra as heresias
É isso que Irineu, bispo de Lião, vai refutar no livro “Contra as Heresias”. Irineu pedia a adesão total a Cristo.
O Gnosticismo foi um perigo maior que as autoridades do Império.

Os vários imperadores (Marco Aurélio, Séptimo Severo, Maximino) perseguiram o Cristianismo, editando leis que impedissem o seu crescimento e fazendo muitas vítimas entre os catecúmenos e os neófitos.

Catecumenato:é o tempo ou instituição que no quadro da iniciação cristã se destinava a ajudar os recém-convertidos de uma fé inicial a uma fé adulta. Destina-se a todos os que passaram a ser cristãos. Até à eleição eram acompanhados e depois continuavam a ser acompanhados por padrinhos ou madrinhas. Vive-se muito hoje, em França, país que sofreu uma grande crise de fé. Nas nossas igrejas, crianças já com alguma idade têm de obedecer ao catecumenato para serem baptizadas.
O que se vincava era a tradição dos ensinamentos de Jesus Cristo, a catequese mistagógica, ou seja, de introdução ao mistério de Cristo.

Embora com alguns períodos de acalmia, todos os imperadores, de Décio a Diocleciano, perseguiram os cristãos. Publicaram-se éditos que condenavam à morte os membros da hierarquia que persistissem na fé. As celebrações ocorriam nas catacumbas. Foi aí que o Papa Sisto II e quatro diáconos foram mortos, surpreendidos na celebração da Eucaristia.

As acusações contra o Cristianismo surgiam de três origens:

  •          Meios populares
  •          Judaísmo
  •          Intelectuais pagãos

Os Apologistas (século II) atacavam os vícios pagãos contrapondo com a virtude cristã; aos judeus tentavam mostrar a união entre o Antigo e o Novo Testamento; e aos intelectuais pagãos explicavam a “semente do Verbo”, as sementes que Jesus semeia em que procuram de coração sincero a Verdade.

No século III, a Igreja atingiu uma ampla expansão e atingiu os meios cultos. Filósofos como Clemente de Alexandria e Orígenes serviram o estudo da Palavra de Deus. A formação jurídica de Tertuliano levou-o a defender adequadamente a doutrina cristã. 
Os Apóstolos e os seus colaboradores tinham fundado um número considerável de Igrejas locais, de Jerusalém a Roma, onde lhes sucederam, depois, os bispos. A Igreja estava bastante bem estruturada e havia muita união na relação com as comunidades. 
Sob esta herança, foi possível aos Concílios Ecuménicos dos séculos IV e V fixarem o sentido e acertarem a expressão comum das certezas cristãs.
  •     325 Niceia, imperador convoca Concílio para debater a questão de Cristo ser ou não consubstancial ao Pai
  •  Constantinopla – questão da divindade do Espírito Santo
  •   431 Éfesio – interrogações sobre a divindade da maternidade de Maria, mãe de Deus
  • 451 Calcedónia – luta contra o monofisismo que dizia que Cristo tinha apenas uma natureza, em que a humanidade tinha absorvido a divindade (considerada uma heresia)

Grandes Igrejas: Roma, Constantinopla, Antioquia, Alexandria, Jerusalém, a que se juntaram outras. Foi um período áureo dos bispos e da Igreja, embora, nos inícios da Igreja, alguns bispos e padres tenham caído em heresias (arianismo, monofisismo).

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