sexta-feira, 30 de novembro de 2012

História da Igreja: “Acção e influência dos monges de S. Bernardo no Nordeste-Transmontano (SS. XII-XVI), partindo de Santa Maria de Moreruela, em Leão.” De António Maria Mourinho

Este artigo foi escrito no âmbito das comemorações do nonicentenário do nascimento de S. Bernardo, monge cisterciense, grande propagador da Ordem e defensor da Igreja. Após o Tratado de Zamora, em 1143, celebrado entre Afonso VII, Imperador de Leão e Castela e seu primo Afonso Henriques chegam a Castela Pedro e Sancho, dois monges cistercienses franceses, enviados por S. Bernardo a pedido de Afonso VII. Por toda a Europa, a instalação de monges cistercienses era vista como uma cruzada ocidental com carácter colonizador (havia a necessidade urgente e simultânea de ocupar, desbravar, arrotear e repovoar cristãmente grandes zonas férteis de territórios pouco ou nada povoados) e Afonso VII doa terrenos e concede privilégios, a estes monges, em territórios de Zamora para nele construam um mosteiro e vivam em comunidade com o resto dos seus companheiros. Surge o Mosteiro de Santa Maria de Moreruela, localizado num vale, na margem esquerda do Elba a 30 Km noroeste de Zamora, que vai albergar uma grande comunidade monacal que irá influenciar económica e culturalmente uma grande extensão de territórios, nomeadamente terras de Zamora, Leão, Valladolid, Salamanca e a partir de 1211 o Nordeste Português (terras de Miranda, Macedo de Cavaleiros, Bragança e Mirandela). Após esta data e durante três séculos o Mosteiro adquiriu e recebeu doações de propriedades em mais de 23 povoações e quintas portuguesas, tendo três povos em posse absoluta (Ifanes, Angueira e Caçarelhos). Durante este tempo de convivência, com os monges cistercienses, as populações destas terras foram sendo influenciadas pelo seu modo e filosofia de vida. O autor, do artigo, enumera essas influências ainda visíveis nos dias de hoje:
1.ª A monumentalidade granítica, simples e despida das igrejas e capelas paroquiais; 
2.ª Os portais principais das mesmas igrejas, de arcos apontados ou de meio ponto e com arquivoltas lisas; 3.ª A promoção da exploração do ferro pele Mosteiro e a sua manipulação na forja; 
4.ª A fabricação intensiva e extensiva das lãs regionais, transformadas em mantas e buréis para vestuário e uso doméstico (Capa de Honras);
5.ª A Língua Mirandesa, tradição viva de Moreruela;
6.ª As imagens dos grandes Cristos crucificados, em tamanho natural, de corpos extremamente sofredores e torcidos, ainda conservados em algumas igrejas mirandesas; 
7.ª Os grandes soutos de castanheiros centenários que se vislumbras no montes desta região; 
8.ª A profunda religiosidade cristã, sobretudo na expressão do culto mariano, da intensa devoção à Santa Cruz e às Paixão de Cristo e das Amas do Purgatório e todo o culto dos mortos. 

Exposição apresentada por Ivone Brás, no âmbito da disciplina de História da Igreja, no IDEP

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