domingo, 10 de fevereiro de 2013

Revelação e Fé: apontamentos para o exame

A nossa colega Ana Paula partilhou as respostas às seis questões para o exame de Revelação e Fé, com base nos apontamentos da disciplina. O exame está marcado para dia 23 de fevereiro às 10 da manhã. Destas seis questões cedidas pelo prof. Júlio Gomes, três sairão no exame.

1.  Escreva aquilo que sabe sobre a imagem de Deus no Antigo Testamento.

TRAÇOS FUNDAMENTAIS DO ROSTO DE DEUS DE ISRAEL
1. Yavé é o único Deus . O Monoteísmo de Israel
A libertação do Homem;
A unidade da Humanidade;
A possibilidade da Ciência e da Técnica.
2. O Deus de Israel e Criador e Senhor, único e Bom, de toda a Realidade, Homem e Natureza.
3. Deus é Verdadeiro criador, Livre, Soberano e Garantido.
4. Deus é transcendente e Iminente ao Universo
5. Deus é ser pessoal
6. Deus é Santo
7. O Deus de Israel é amigo, libertador e misericordioso.


2       –Jesus de Nazaré é um Messias diferente. Fala sobre a tripla dimensão de Jesus como Sacerdote, Profeta e Rei.

Jesus profeta, rei e sacerdote são funções ou serviços que muitas vezes se interpretam e misturam e que naturalmente irão ser herdados pela igreja, comunidade, corpo e presença de Jesus Cristo na história.

1. Jesus, profeta.
O Profeta é aquele que proclama a Palavra de Deus.
No A.T. homens escolhidos por Deus e enviados, conduzidos pelo Seu espirito, permanentemente anunciavam a mensagem de Deus a Israel e por vezes acompanhada de sinais.
O perfil desse profeta esperado veio-se progressivamente identificando com a figura futura e enigmática do Messias, Cristo ou Ungido de Deus.
Ao longo da sua vida publica, Jesus, pela força da sua palavra e pelos sinais que o acompanharam, é frequentemente reconhecido pelas multidões como o Profeta: Um
grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou seu Povo S. Lucas (Lc7,16).
Podemos nós hoje reconhecer Jesus como um Profeta?
Jesus como profeta - O seu estilo
Jesus levava a vida típica de um mestre e pregador itinerante, calcorreando a Palestina do seu tempo, visitando cidades e aldeias, frequentando a sinagoga, ensinando frontalmente no templo.
A sua palavra poderosa e eloquente é acompanhada por uma tal quantidade e importância de sinais que embora mantendo-O na tradição dos profetas de Israel, O
diferenciam qualitativamente e por isso O fazem reconhecer como o profeta por excelência, esperado e universal.
Jesus e ao mesmo tempo Tradicional e Inovador
Tradicional: Palavra e Sinais (gira em torno da nova Aliança Prometida e o Reino de Deus esperado)
Inovador: Ele é o Profeta de que todos falaram e que todos escreveram e anunciaram e em quem se cumpre toda a Escritura.

_ Poderá perguntar-se onde está o espírito profético?
_ Haverá ainda profetas?

Pelo Batismo e confirmação, todo o cristão, inserido em Cristo participa do seu espirito e da sua missão e por isso também do espirito profético.
Cada Cristão tem, perante a comunidade crista e perante o próprio mundo, a responsabilidade da palavra, é a boca de Deus no mundo.

2. Jesus, Rei.
Esperança messiânica concretizava-se num descendente de David.
_ Genealogias de Jesus – S. Mateus (Mt.1;1-17); (Lc. 3, 23-38) passam por David.
_ Anunciação do Anjo Gabriel – o trono de David e seus pais
_ Rei dos Judeus – Magos vindos do Oriente; S. Joao – Natanael Tu és o filho de Deus, o Rei de Israel Jo. 1,49
«O meu Reino não é deste mundo»
Jesus de Nazaré é Rei mas um Rei pobre e não violento, convive com a escória da Humanidade. A lei do Reino é o Serviço.
Rei da natureza: Domina ventos e tempestades.
Pelo Batismo e confirmação todo o cristão participara da realeza de Jesus e, nas múltiplas vocações, situações e tarefas humanas, e chamado a construir pelo serviço ao homem, o Reino de Deus na Terra, já iniciado em Jesus, mas ainda não consumado.

3. Jesus Sacerdote
Daquilo que é comum às várias Religiões o Sacerdote é um membro da comunidade humana concreta que, em nome e em representação publica e oficial da referida comunidade, tem a seu cargo assegurar as relações com Deus.
Quaisquer que sejam as formas, formulas ou ritos usados, o essencial da instituição sacerdotal e que o sacerdote representa publicamente a comunidade perante Deus e ao mesmo tempo Deus perante a comunidade, e, portanto, um mediador institucional entre Deus e os Homens, cuja mediação e exercida através da oferta de Dons de Deus.
São raras as referências explícitas a Jesus Cristo como sacerdote no N.T. e sobretudo nos Evangelhos.
Jesus, o sumo-sacerdote, por vontade de Deus, desde a sua conceção e nascimento.
O que define o sacerdote e o sacrifício, a ação sagrada em nome da comunidade.
O Sacrifício ou ação sagrada implica o sacerdote, a vitima (que e oferecida a Deus: pão e vinho, primícias das culturas ou rebanhos) e a própria acção, o ato de culto.
Sacerdócio ministerial – pelo sacramento da ordem;
Sacerdócio comum – povo sacerdotal (pelo Batismo e confirmação, participar do sacerdócio de Jesus Cristo).


3– O que é um milagre?

O milagre é um gesto de poder, um prodígio, que provoca admiração e pelo qual Deus faz um sinal aos Homens (em grego semeion, sinal), em contexto de Fé.
Três caraterísticas fundamentais:
1. A sua natureza extraordinária e a sua natureza divina;
2. O seu significado, o seu caracter de sinal;
3. O contexto de Fé em que acontece.

O Milagre nunca é objetivo, não é simplesmente um prodígio, mas sobretudo um sinal para a Fé. O prodígio seria simplesmente algo de insólito, fora do comum, o sinal pelo contrario, e algo que pretende significar algo a alguém. Enquanto sinal de fé, o milagre é um gesto, um prodígio, através do qual Deus faz um apelo de salvação a pessoas determinadas, para que se abram a essa mesma salvação, para que acreditem.
Tal como a Fé, que e opção fundamentada mas livre, o milagre, sinal que pretende suscitar ou fortalecer a Fé, não é automático, não provoca necessariamente a Fé. Podemos reconhecer ou não o seu carater de sinal, podemos ver apenas o prodígio mas não ver o que ele pretende significar.
Na vida de Jesus, muitos, apesar de verem os seus milagres, não acreditam nele, pelo contrário endurecem na sua oposição a Ele.
Jesus não faz mais milagres quando não encontra pelo menos uma fé inicial, uma atitude de abertura prévia.
É este um dos motivos do segredo messiânico a recomendação feita por Jesus depois dos milagres: não digais a ninguém … Jesus não quer nem passar por um curandeiro, nem desviar os seus contemporâneos do central da sua mensagem e pessoa.
Os Milagres estão ao serviço, são sinais do Reino Messiânico, anunciado e iniciado por Jesus, cumprimento da promessa que conduz a todo A.T. em direção ao Messias e ao seu Reino. Os milagres como sinais do Reino:
_ Manifestam em Jesus o poder salvador de Deus, em aço, a sua vitoria sobre todas as formas de pecado, de mal e de morte.
São sinais do amor restaurador de Jesus, presente e atuante em Jesus de Nazaré.
_ Garantem a autoridade de Jesus como Rei Messiânico.
_ São antecipação da Ressurreição de Jesus, sinais do grande sinal, da Nova Humanidade e do Reino escatológico, que precisamente se iniciou com a sua ressurreição.

Em síntese podemos dizer que o milagre é complexo, polivalente para suscitar, confirmar e fortalecer a Fé:
1. Sinal do amor redentor, restaurador de Deus;
2. Sinal de vitória última e definitiva de Deus sobre o mal;
3. Sinal da vinda do reino de Deus escatológico e definitivo.
Referindo o milagre mais a missão e pessoa de Jesus Cristo, podemos dizer que ele também é:
4.Sinal da glória de Jesus e confirmação (provisoria) da sua missão messiânica e divina.
Os milagres e os sinais de Fé são ainda:
5. Sinais do grande e último sinal, a ressurreição de Jesus, sua confirmação definitiva.


4– Porque razão foi morto Jesus?

As causas da condenação e Morte de Jesus são múltiplas.
Podemos ordenar estes motivos em 3 grandes grupos de causas:
a) Interesses e situações ameaçados ou desiludidos.
b) Imagem escandalosa de Deus e do seu Reino.
c) A reivindicação da autoridade Messiânica e Divina.

a) Apesar de profundamente ancorado na tradição de Israel, Jesus pelas preferências, critérios e valores que defende, pela sua liberdade perante pessoas e instituições, pela denúncia do pecado individual e coletivo torna-se um desafio e uma ameaça: o Mundo odeia-me porque dou testemunho de que as suas obras são más(Jo.7,7).
A sua popularidade e renome crescem, o Povo que O segue aumenta, e neste sentido, Jesus subverte mentalidades e situações.
Aqueles que se sentem feridos ou ameaçados reagem e a decisão de O liquidar, há já muito tomada, espera apenas pela ocasião própria que finalmente surge pela mão de Judas e em plena preparação da festa pascal Judaica. Jesus choca frontalmente com a ambição, vontade de poder e desejo de prestigio dos Saduceus e Príncipes de Israel.
Choca também com o fanatismo, hipocrisia e pseudo-religiosidade dos fariseus, escribas e Doutores da Lei, cheios de orgulho, de auto-suficiência e de desprezo. Fere a superficialidade e futilidade de Herodes com o seu silencio. A motivação radical mais importante que conduziu a condenação e execução de Jesus, e o egoísmo individual e coletivo, os interesses pessoais e sociais ameaçados, o orgulho ferido dos Saduceus e Fariseus que indubitavelmente encontramos. Nos evangelhos, podemos ver quem espalha o sentimento de Chefes: porque ele (Pilatos) sabia, que os Sumo-Sacerdotes O tinham entregue por inveja (Mc. 15,10). Os sumo-sacerdotes decidiram então matar também Lazaro pois muitos, por causa dele, deixaram os Judeus e acreditavam em Jesus (Jo.12, 10-11).
Contudo muitos Chefes acreditavam n’Ele mas por causa dos Fariseus não O confessavam, para não serem expulsos da sinagoga pois amavam mais a gloria dos Homens do que a de Deus (Jo. 12,42-43). É a atitude de cobardia, o querer agradar aos Homens, a mentalidade reinante e dominadora, o temor de desagradar com o seu cortejo de consequências, o temor das censuras, das incomodidades e complicações, a ameaça de expulsão da Sinagoga que se esconde por trás da Paixão.

b)A conceção de Religião e a imagem do Deus de Israel que Jesus anuncia e revela é profundamente escandalosa. O Deus de Jesus e um Deus dos vivos, Justo e Bom, que recompensa para lá da morte, em oposição à perspetiva puramente terrena dos Saduceus; é um Deus cheio de bondade e Misericórdia que oferece incondicionalmente a todo o Homem Judeu ou Pagão, o perdão, a reconciliação e a Vida Nova. Deus julga segundo o interior, o coração do Homem. A interpretação que Jesus faz da Lei, o Sábado feito para o Homem e não o Homem para o sábado(Mc.2,17). Esta imagem de Deus, universal, de todos os povos e não apenas de Israel, misericordioso e não distante, mas próximo e amigo de pecadores, oferecendo a reconciliação e o perdão, é inaceitável e insuportável para a consciência pervertida de Saduceus e Fariseus.
S. Joao: Por isso, os Judeus perseguiam Jesus, porque fazia tais coisas ao sábado (Jo. 5,16).
A Imagem do Messias-Rei e do Reino e apresentada por Jesus furando todas as expetativas.
Israel esperava um Rei de Prestigio e poder, vingador da humilhação de Israel, um ideal de domínio e riqueza. O reino de Deus que Jesus inaugura e um Reino humilde, pobre, modesto, de serviço, de verdade, de perdão e de Amor incondicional, é bem diferente das esperanças terrestres.

c)A reivindicação por Jesus de Nazaré de uma condição Messiânica e Divina.
A interpretação autoritativa da Lei, feita por Jesus, Lei dada por Deus através de Moisés; O seu senhorio sobre o Sábado e a sua supremacia sobre o templo, as mais sagradas instituições Judaicas são o primeiro sinal. A radicalidade do seu chamamento ao seguimento, antepondo-se aos mais puros laços familiares e religiosos, o perdão dos pecados concedido em nome próprio e a constituição do núcleo Novo Povo de Deus, através da escolha e envio dos doze apóstolos, são também significativos. Igualmente a expulsão dos demónios, o seu domínio sobre a Natureza, o Homem, as consciências, a doença, a morte, a vida, a sua reivindicação do titulo de Filho do Homem, Juiz e senhor Universal, que regressara para julgar todas as Nações.
A sua relação com Deus, a quem chama Abba, isto e Paizinho, relação de intimidade, de amor, de Filiação em sentido próprio de comunhão de ser e de vida, todos estes traços e elementos constituem, no seu conjunto significativo, uma clara e indiscutível reivindicação de autoridade Messiânica e Divina.
Esta reivindicação de Jesus é precisamente a acusação central do seu processo oficial perante o Sinédrio e o Sumo-Sacerdote e a causa indiscutível da sua condenação e execução.
O que e mais grave, para os seus contemporâneos e inimigos, é que esta reivindicação não se fixa apenas em palavras: esta é acompanhada de gestos, de sinais, de milagres, que não pode deixar de constituir um indiscutível testemunho e confirmação, por parte de Deus, da mesma reivindicação de Jesus.


5– O que nos revelam a cruz e o rosto de Jesus na sua Cruz?

A cruz de Jesus revela que Deus é Amor para connosco
Deus é Amor para connosco. O Amor é acolhimento e entrega, é partilha e doação, é morrer a si próprio, é comunhão. Só dando-se pode haver união, só morrendo a si, se pode comungar. Aquele que ama de verdade, despoja-se de si próprio, faz-se pobre, torna-se humilde, servido e sofredor, para se identificar, unir, comungar com aquele que ama. Deus torna-Se infinitamente pobre, humilhado, sofredor e servidor, porque ama infinitamente. Porque tem Amor infinito.
Um amor autêntico, que não olha de cima nem de longe, que se aproxima, se torna próximo, se faz um de nós, se identifica com o Homem na humilhação, no sofrimento, na debilidade e na derrota, na própria morte.
Deus perdeu a cabeça e o coração, e por isso perdeu também a vida, pelo Homem! O Homem, é a paixão de Jesus que o revela, é a loucura de Deus!

A cruz de Jesus revela que Deus é Amor em Si mesmo
Se a revelação revela Deus mesmo, se Deus Se revela eminente e insuperavelmente no seu Filho Jesus e de modo muito especial no seu rosto posto na Cruz, então não é apenas para nós que Ele se revela mas em SI mesmo, e dai que em Si mesmo Ele é Amor. Passamos do ter amor ao ser amor. Deus é Amor para connosco porque em Si mesmo é Amor.
O Amor, portanto, em Deus, não é uma coisa, um aspeto, um atributo ou parte de Deus, é Deus mesmo, é a sua natureza ou essência, é o Em-SI de Deus.

A cruz de Jesus revela quem é o Homem
O Homem, é o sofrimento de Jesus que o revela, é aquele que é amado por Deus até à loucura e à morte: Deus de tal modo amou o Mundo que lhe deu o seu Filho Unigénito (Jo 3,16); não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou (1 Jo 4,10).
Este Amor de Deus pelo homem, revelado em Jesus Cristo, é o alicerce permanente, a raiz da existência cristã, individual e coletiva, a realidade e Palavra última que pode ser dita sobre o Homem.
Só por Jesus Cristo sabemos quem o Homem é. Pela graça do Espirito Santo, o Homem é filho de Deus, no Filho de Deus!


6– Escreva de uma forma organizada aquilo que sabe sobre a terceira pessoa da Santíssima Trindade?

O Pai e o Filho, através da Humanidade ressuscitada de Jesus, instrumento de salvação, enviam o Espirito Santo, derramam-No sobre a Humanidade. É Ele que nos confere o perdão e a reconciliação, alcançados por Jesus Cristo na sua morte (Jo 20,19).
É Ele que nos abre à fé, fazendo-nos reconhecer em Jesus Cristo, o Senhor ( 1 Cor 12,3). É Ele que é a garantia e o penhor da nossa esperança futura. É Ele ainda que comunica o amor a Deus e ao próximo ao nosso coração humano (Rm 8, 14; 1,5), Ele, o
Espírito de Jesus ressuscitado, princípio vital do cristão e da Igreja. É Ele, Espírito de comunhão entre o Pai e o Filho, que realiza a comunhão dos homens entre Si, com Jesus ressuscitado e, por Ele, com o Pai. Por Ele é conferida a graça santificante ou justificante, que realiza a divinização e a filiação divina do Homem, a inserção do Homem na própria Trindade de Deus, é Ele que nos comunica a Vida nova e divina.
É pelo Espírito Santo que o Novo Adão nos faz participantes da sua Vida Nova, que Jesus ressuscitado, Cabeça da Igreja, a alimenta e vivifica.
O Espírito Santo é o grande e permanente Dom do Pai e do Filho ressuscitado à Humanidade.

I- O Espirito de Deus no Antigo Testamento

No Antigo Testamento, o Espírito (≪ruah≫, em hebraico, ≪pneuma≫, em grego, que significa sopro, vento) é sobretudo expressão do poder criador de Deus, fonte e origem de vida, sem se distinguir do próprio Deus como pessoa. Sopro e energia criadora de Deus, que igualmente dirigia os profetas e Reis, Ele é, fundamental conteúdo da esperança de Israel e Promessa de Deus: no Fim dos Tempos, o Messias-Rei esperado, instaurador do Reino de Deus, será ungido com o Espírito, que sobre Ele permanecerá e que posteriormente derramará, primeiro sobre Israel e depois sobre ≪todos os Povos≫, ≪toda a carne≫.

No Fim dos Tempos o Espírito repousará e permanecerá de modo interior, permanente e

definitivo sobre o Messias-Rei e, a partir d’Ele, sobre Israel e a Humanidade.

Esta espera apocalítica e considerada realizada pela Primitiva Comunidade Crista, como claramente o mostram os ≪Actos dos Apóstolos≫, com o acontecimento Jesus Cristo.

II- O Espirito de Deus e Jesus, o Messias, o Cristo, o Ungido.

A intima e fundamental ligação entre Jesus e o Espírito é-nos, aliás, dada pela associação entre o nome próprio – Jesus – e o título ou função - Cristo. Cristo significa

precisamente o Ungido, exato equivalente de Messias em hebraico e Cristo em grego.

Jesus é por excelência o Cristo, o Messias, o Ungido com o Espírito Santo; isso mesmo O define, O caracteriza.

III- O Espírito Santo e a vida crista
Se a obra salvadora de Deus é uma só, obra das três pessoas de Deus, de toda a Santíssima Trindade, não é menos verdade que ela é diferentemente realizada por cada uma das pessoas de Deus. Por isso mesmo e muito justamente se fala nas duas missões ou envios: o Pai envia o Filho e o Pai e o Filho glorificado, consumada a obra da redenção, enviam o Espírito Santo.

Qual é a missão do Espírito Santo?
Para a sua fundamental importância salvífica e reveladora, porque é o único caminho para podermos compreender que é e Quem é o Espírito Santo, objeto e conteúdo da nossa fé, explicitemos sinteticamnete a presença, a ação, a missão do Espírito Santo na vida cristã, do seu início ao seu termo, no cristão e na Comunidade cristã, a Igreja.
Como diz S.Paulo, a fé, início da vida cristã, nasce do ouvido, da Palavra de Cristo, do Kerygma cristão, da Palavra dita já no Espírito por aqueles que a proclamam. A fé é preparada, conduzida e impelida interiormente pela ação do Espírito Santo: Ninguém pode dizer Jesus Cristo é o Senhor a não ser pelo Espírito Santo. S.
Joao diz: Jesus Cristo glorificado à direita do Pai, envia o Espírito, que O substitui junto dos seus discípulos. Ele é o outro paráclito ou Advogado., Espírito de Verdade que conduzirá os discípulos à verdade plena.
Paulo e Joao insistentemente repetem: é pela água e pelo Espírito Santo que somos batizados. Se é o Espírito que conduz à conversão, à fé e ao Batismo, o Batismo traz consigo, de um modo novo e pleno, o Espírito, o dom do Espírito, como sobretudo S. Paulo e os Actos dos Apóstolos continuamente afirmam: convertei-vos e peça cada um o Batismo em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos seus pecados; recebereis então o dom do Espírito Santo.
Assim, o Espírito Santo opera não só o início da vida cristã como é o Princípio permanente e interior dessa mesma vida, centro e princípio vital donde flui, em divina espontaneidade, o ser e o agir cristão, em todas as suas dimensões e perspetivas.
Tendo o amor de Deus sido derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado., este Espírito, que é o Espírito de Cristo, torna o cristão verdadeiro filho de Deus e opera não só a remissão dos pecados e a justificação mas torna-Se princípio íntimo e vital de toda a experiência cristã.
Ao receber o Espírito Santo, pela fé e pelo Batismo, o cristão torna-se portanto verdadeiramente filho de Deus. Por isso Se manifesta como Espírito não de temor ou e
escravidão, mas de amor e de filiação.
O Espirito Santo é derramado sobre a Comunidade Primitiva no dia de Pentecostes.
Era a festa de Israel em que se comemorava a Lei dada por Deus a Israel, por intermédio de Moisés, no Sinai e se renovava a Aliança.
O Espírito Santo é o eterno fruto, o vínculo do Amor do Pai e do Filho. O Espírito Santo é entregue à natureza humana, glorificada, do Senhor Jesus.
Ressuscitado pelo Espírito Santo e constituído na sua humanidade, Senhor do Espírito, Jesus Cristo glorificado, tal como prometera, envia o Espírito Santo à sua Comunidade pré-pascal e a cada um dos seus fiéis, justificando-os e tornando-os membros do seu Corpo.
É sempre e só através da humanidade glorificada de Jesus que o Espírito é derramado
sobre a nossa humanidade, e com Ele o Pai e o Verbo Eterno, quer se trate de cada cristão, quer se trata do seu conjunto, a Igreja. Simultaneamente, é sempre e só no Espírito Santo que temos participação na humanidade gloriosa de Jesus e por Ele, o Filho, acesso ao Pai.

IV- A divindade e personalidade do Espírito Santo
Os cristãos participam no Espírito na medida em que participam no acontecimento – Cristo, expresso na sua confissão de fé em Jesus como Senhor…porque Jesus Cristo, como vimos, é um só com a natureza de Deus, por isso o Espírito que habita nos cristãos, Espírito de Cristo que brota de Jesus, é o Espírito mesmo de Deus.
Se Jesus é Deus, e se e o Espírito que nos faz participar realmente em Jesus e portanto em Deus, também o Espírito tem de estar do lado de Deus, tem de ser da natureza divina.
A revelação não é só nem principalmente manifestação, desvendamento de verdades ou da Verdade sobre Deus. É radical e essencialmente participação, comunhão em Deus que Se revela em Jesus Cristo. É nisso mesmo que consiste a vida crista.
Ora, se o Espírito Santo dá participação real em Jesus Cristo e, por Ele, no Pai, o próprio Espírito não pode deixar de pertencer à esfera do divino, à natureza mesma de Deus, pois, como é evidente, só Deus pode fazer-nos participantes em Deus.
Isto mesmo ajuda a entender o que significa corretamente a inobjetividade de Deus: porque Deus não é só Pai e Filho, mas também Espírito, por isso Ele é não só conteúdo de Revelação e objeto da nossa fé, mas sujeito em nós, enquanto nos introduz a nós próprios na sua Realidade: Alguém em que acreditamos, mas também, Alguém que em nós, dentro de nós, nos leva a acreditar.

V- O que Jesus diz do Espírito Santo no Evangelho de João
Algumas passagens a verificar na página 378 e 379 do nosso manual de estudo e consequentemente nas seguintes passagens bíblicas.
1- Jo 14,16
2- Jo 14, 26
3- Jo 15, 26
4- Jo 16, 7-11
5- Jo 16, 13-15

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